quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Déficit de atenção e desempenho escolar: tema discutido hoje nas comemorações da Semana do MPMG

Médica, psicóloga e mestre em Farmácia apresentaram o assunto que foi debatido pelos promotores de Justiça Andréa Mismotto Carelli e Gilmar de Assis

Déficit de atenção e desempenho escolar foi o assunto indicado pelos Centros de Apoio Operacionais das Promotorias de Justiça da Infância e da Juventude (CAO-IJ) e de Defesa da Saúde (CAO-Saúde), para ser apresentado nas comemorações da Semana do Ministério Público, nesta quarta-feira, dia 15 de setembro, no salão vermelho da Procuradoria-Geral de Justiça.

O tema foi exposto pela médica neurologista Cláudia Machado Siqueira, pela psicóloga Maria do Carmo Araújo, pela farmacêutica e bioquímica Yara Alvarenga Drumond e pelo superintendente de assistência farmacêutica de Minas Gerais, Augusto Guerra Júnior. A mesa de debates foi presidida pelos coordenadores dos CAO-IJ, promotora de Justiça Andréa Mismotto Carelli, e do CAO-Saúde, promotor de Justiça Gilmar de Assis.

Gilmar de Assis fez a apresentação dos palestrantes, indicando suas especialidades e afirmando a certeza do enriquecimento que traria a discussão de profissionais de alto gabarito e adiantou que a o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDA-H) é recorrente não só no país, mas em todo o mundo e que não possui soluções simplistas.

Como se trata, na maioria das vezes, de um problema de saúde pública e que afeta principalmente crianças e adolescentes, o transtorno do déficit de atenção e desempenho escolar foi discutido nas duas áreas de atuação do Ministério Público: infância e juventude e saúde.

As palestrantes Cláudia Machado Siqueira e Maria do Carmo Araújo demonstraram, principalmente, estudos de crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDA/H). O transtorno, segundo elas, não depende de classe social e a maioria vem de fatores genéticos. Além disso, são riscos de a criança ter TDA/H se a mãe, durante a gestação, fazer uso de cigarro e álcool, em caso de a criança nascer prematura e de baixo peso, entre outros fatores. O diagnóstico, para as profissionais, é clínico e o tratamento mais indicado é a junção da terapia e medicamento. Alertaram, entretanto, que a longo prazo, a medicação pode ter efeito colaterais. Além do mais, são poucos medicamentos disponíveis no mercado para este fim.

São sintomas relacionadas à desatenção: não prestar atenção a detalhes; ter dificuldade para concentrar-se; não prestar atenção ao que lhe é dito; ter dificuldade em seguir regras e instruções; desvia a atenção com outras atividades; não terminar o que começa; ser desorganizado; evitar atividades que exijam um esforço mental continuado; perder coisas importantes; distrair-se facilmente com coisas alheias ao que está fazendo; esquecer compromissos e tarefas; problemas financeiros; tarefas complexas se tornam entediantes e ficam esquecidas; dificuldade em fazer planejamento de curto ou de longo prazo.

Todos os sintomas do TDA-H, se não tratados, segundo a psicóloga e a neurologista, acarretam prejuízos aos portadores do transtorno, pois são crianças "indesejadas", suas presenças "incomoda". Esses estudos mostram que, muitas vezes, a criança se sente isolada e segregada dos colegas, mas não entende por que é tão diferente. Fica perturbada com suas próprias incapacidades. Sem conseguir concluir as tarefas normais de uma criança na escola, no playground ou em casa, a criança hiperativa pode sofrer de estresse, tristeza e baixa auto-estima.

Além disso, o desempenho escolar é prejudicado, ocorrendo repetência e evasão escolar, o que causa prejuízo não só para a criança, mas para a família e o Estado que mantém as escolas públicas, precisando de educação especial. O diagnóstico, normalmente é feito quando se inicia o aprendizado, ou seja, quando começa a vida escolar e se não tratado, aos 10 anos terá mudança de comportamentos é já começa a ser repetente na escola, e, aos 14 anos pode ser expulso da rede pública e começar a abusar de drogas.

As repercussões do mau desempenho escolar (MDE) na vida do aluno com TDA-H, como necessidade de turmas especiais de apoio, sofrimento pessoal e familiar, bem como a influência na vida adulta, justificam o investimento no diagnóstico e no manejo precoces do problema, segundo estudo apresentado.

A farmacêutica Yara Drumond fez uma apresentação dos diagnósticos e tratamentos que são realizados em outros países, sendo que há um consenso do uso do medicamento e a psicoterapia. Citou os medicamentos que estão disponíveis no mundo e no Brasil.

O superintendente de assistência farmacêutica de Minas Gerais, Augusto Guerra Júnior fez vários alertas sobre o tratamento do TDA-H e o uso dos medicamentos. Ele sugeriu uma discussão profunda sobre o assunto uma vez a que a demanda para os medicamentos no SUS ainda é pequena. O diagnóstico, segundo ele, deve ser preciso e feito por especialistas, para que não ocorra o uso indevido ou prescrição indesejada para satisfazer a concorrência das indústrias farmacêuticas e ou para auxiliar no desempenho das crianças que não possuem, necessariamente o transtorno.

Augusto explicou que o orçamento do estado é finito e por isso deve se eleger as prioridades. Entretanto, disse que a Superintendência de Assistência Farmacêutica de Minas Gerais estará aberta para incorporar os medicamentos necessários, mas sugeriu que se esgotassem as discussões a respeito para evitar o uso indiscriminado dos remédios.

Assessoria de Comunicação do Ministério Público de Minas Gerais - Núcleo de Imprensa: 3330-8166/8016 15/09/10 (Semana do MP/palestra Déficit de atenção e desempenho escolar) NC



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